sábado, 31 de março de 2012

A justiça de Deus e o bem comum! Você está fazendo sua parte



Doutor Benjamim Kamboá, após um dia estressante por conta de ocorrências do mundo político-eleitoral, para abrandar a tensão dos amigos e, a sua própria, reúne todos em sua casa para saborearem fartas rodadas de pães-de-queijo e café. E ao final, será servido javali. Deliciosas costelas e pernís de Javali que estão sendo assados! Claro! Sem faltar, aos que preferem, tira-gostos regados com Johnnie Walker, black label 12 anos, cervejas exageradamente geladas e a famosa pinguinha do alambique do Nestozão. 
A conversa entra no terreno fértil da discussão da fé. Alguns amigos confessam estarem desapontados com Deus, por conta dos acontecimentos maldosos que à cada dia, tomam mais força no mundo. Principalmente na política. 
No calor da discussão, um dos presentes que diz:
 - se Deus realmente existisse, não haveria essa tal de política. Ou pelo menos, não deixaria essa escória chegar ao poder e se manter nele!
Benjamim aproveita esta observação e constrói, como de costume, longo comentário sobre a atuação de Jesus Cristo, que morreu na cruz. Doutor Benjamim defende com entusiasmo e eloqüência, contando:
 - Deus tudo fizera para que suas criaturas fossem responsáveis e amáveis, saudáveis e felizes. Inclusive lhes dera o livre arbítrio. O prazer de raciocinar... O direito de opinar, concordar e discordar de seus semelhantes.  Construir e desenvolver raciocínios que os elevassem. Mas que os elevassem na construção do bem comum. E as únicas duas coisas que Deus esperava de Seus filhos é que fossem amáveis e enfronhados na fé. E lá nos primórdios da vida, por uma questão de vaidade, o poder de dominar e subjugar seus pares, passou a imperar entre os homens. Chegando ao ponto de os mais fortes matar, maltratar e  submeter às piores atrocidades físicas, morais e psíquicas seus semelhantes mais fracos. Tão somente para obterem o poder e nele se manterem. Poder do ter bens materiais ou do ter poder político. Normalmente os dois! São irmãos siameses! – explica entusiasmado o doutor Benjamim, erguendo as duas mãos, na altura do peito, e esfregando os dois dedos indicadores para expressar, com os dedos, a união dos dois poderes. E continua:
- Por força da pura vaidade de se manterem, participarem ou de se apropriarem do poder. E, não com o desejo de promover o bem comum. Os mais fortes se uniam na necessidade de manterem a submissão dos demais seres às suas mais extravagantes vaidades de mando e de riqueza. Os mais fortes aperfeiçoaram-se nesta arte de se manterem no poder sob vários prismas – defende com eloqüência Dr. Benjamim e prossegue em sua fala:
 os menos corajosos e os mais fracos fisicamente desenvolveram a astúcia, o poder do convencimento pelo argumento... Outros desenvolveram a imposição do temor usando, na época, os mais diversos deuses. Tudo em busca do poder ou para continuar a exercê-lo.
 tenho comigo – fala Dr. Benjamim compenetrado - a convicção que Deus tentou por todos os meios, terremotos, maremotos, eclipses, chuvas de meteoritos... voltar para o homem, o temor, o respeito e obediência a Ele. O Pai do Universo. Volta e meia, Deus utiliza Sua força para trazer o homem à realidade do bem! Mas o homem dotado da inteligência que Deus lhe deu, cada vez mais a usava para justificar cientifica e maldosamente as mais diversas ocorrências sobrenaturais. E pior, usavam esta bendita inteligência para semear o mal. Para seu beneficio próprio. Mesmo que tivessem que matar e humilhar seus semelhantes. Então Deus percebeu que o homem não acreditava Nele como força Suprema e não O obedecia e O amava como a um Pai. Daí o dilema celestial. O que fazer para que Sua criação entendesse definitivamente que Ele é a verdade? É o Criador de todas as coisas? Que Ele é o começo, o meio e o fim? Então, o que poderia ser feito, além de tudo já tentado, para que viesse trazer a verdade?! E mais! O que fazer acontecer para que a fé Nele voltasse a ser plena e perdurasse ao longo dos anos, tendo como princípio o amor e o bem comum? Pois tudo que fora feito por Deus para redimir sua criação, fora tentado. Seja pelo amor, seja através do sofrimento mais fecundo. Tudo fora feito. Os homens melhoravam por algum tempo, depois retomavam o caminho da vaidade. E vaidade em excesso é sinônimo de perda da ética que norteia o Homem no sentido do por quê e para quê fazer algo... Vaidade em demasia é perda da moral que orienta o Homem em direção ao respeito de como fazer alguma coisa...a vaidade em demasia distancia o ser humano do respeito à igualdade. O distancia da bondade e do amor.
 – Creio que Deus deva ter gasto precioso e bom tempo, buscando uma solução menos dramática. Menos triste para Si mesmo e para Seus filhos para a degradação em que cada vez mais se aprofundavam. - fala empolgado Dr. Benjamim, enquanto la fora, o foguetório do comício adversário, corta o céu da pacata cidade de Marialba. Indo explodir lá nas alturas. Iluminando o céu como se Deus estivesse aprovando aquela elucubração de Seus feitos, naquele momento, projetada pelo devoto causídico.
E Dr. Benjamim, após as explosões dos fogos de artifício, continua a explicar sua tese, enquanto suas mãos gesticulam, feito mãos de Bethoveen regendo a 5ª sinfonia e, seus olhos brilham feito olhos de criança ao ganhar os presentes de natal! Extraordinário!!
 Enreda, Dr. Benjamim, em sua retórica:
 - poderia Deus enviar seu filho ao mundo, num personagem poderoso e conhecido. Como no lugar do Rei da época, ou no lugar do histórico Júlio César, o grande guerreiro, senador e imperador romano. Ou no lugar de Adolf Hitler. Ou ainda no lugar de Napoleon Buonapart, o admirável imperador e soldado francês, ou quem sabe, Ter usado ainda, o corpo e história do grande filósofo, inventor e pensador Leonardo Da Vinci ou de Galileu Galilei. Assim, Cristo iniciaria Sua história com mais facilidade. Com fama e certamente com maior poder de influência sobre a humanidade. Mas Deus na Sua sabedoria transcendental, sabia que, para perdurar por toda a eternidade, para exercer poder de transformação entre aqueles que se desgarram do bem, deveria mandar ao mundo um anjo no corpo e vida de uma pessoa comum... Uma pessoa nascida de uma família comum e não de uma família renomada e poderosa. É o óbvio! – diz Dr. Benjamim empolgado:
o que poderia nos fascinar mais? – um Jesus Cristo sobressaindo da plebe, do meio das famílias mais humildes?  Ou um Cristo que já nascesse com o poder de mando e de transformação?
- Basta compararmos as belas histórias dos poderosos com a triste história de Jesus Cristo humilde, sendo ouvido pela sua sabedoria. Ao contrário dos que detinham o poder, riquezas e exércitos! E que eram admirados e, atentamente ouvidos e obedecidos, por esses quesitos... Deus age certo. Escreve certo por linhas sinuosas. Este Seu feito justifica este entendimento tão profundo aos que buscam compreendê-Lo.
  E Jesus, na verdade foi a materialização de Deus entre nós. Pois Deus, após confirmar que nós, a sua mais sublime criação, não conseguia percebe-Lo através de suas aparições cotidianas, que era e é através do sol, da lua, do vento...e através de nós mesmos quando embuídos de paz e do bem. Então, Ele se fez homem! Se fez ser humano na pessoa de Jesus Cristo. E vejam os senhores - continua vigorante e empolgado Benjamim a falar – para que passasse a figurar como a primeira e única beleza pura de doação total de amor, Deus preparou o Seu filho e somente o entregou ao mundo quanto este estava preparado para cumprir sua missão. Nascer, viver e falecer dramaticamente para, enfim, por sua fé e pregações, fazer com que os homens acreditem em Deus. Cristo perambulou por Israel amealhando seguidores. Não por ser rico ou poderoso, mas por que trazia consigo amor e, inesgotavelmente, o distribuía. Sem distinções. E Jesus Cristo pregou o amor entre os homens ao invés da vaidade. Principalmente o amor ao Pai. Seu Pai e Criador de  todos nós. E para completar, o ensinamento da necessidade de transformação de Sua criação, Deus sacrificou seu próprio filho querido. Jesus Cristo foi pisoteado, surrado, humilhado e morto na cruz, sempre dizendo estar fazendo este sacrifício para salvar a humanidade. Pois, ao matarem Jesus, que nunca fez mal algum, os homens teriam, portanto, um fato dramático do mal, para analisarem e se arrependerem. Cristo, oferecendo sua vida Para redimir a humanidade de seus pecados. Dos seus impulsos de praticarem o mal.  Certamente que Deus ao ver tanto sofrimento imposto ao Seu único e dileto filho pelos seus próprios irmãos, quis tirá-lo daquela dor. O próprio Jesus Cristo não aceitou. Perdoou seus irmãos que aos poucos, o matavam, dizendo que eles não sabiam o que estavam fazendo. Realmente! Quanto mais os anos se passam, mais os homens vão se apercebendo da maldade que cometeram. E tudo isso faz sentido, para que o homem se contenha no seu poder de decidir. Procurar sempre decidir pelo que é bom e justo. Bom para si e principalmente para os outros. Pois é dando que se recebe...é perdoando que se é perdoado. É fantástica a forma com que Deus nos deixou o exemplo de amor. Lhe foi preciso ensinar-nos através do sofrimento Seu e do seu próprio filho. De maneira tão violenta para trazer-nos a fé Nele e o respeito dentre nós, como irmãos. Mesmo quando estamos com a razão ou já extrapolando o limite da paciência e da argumentação. Sentimos Deus e o amor ali. Presentes em nós. Pedindo-nos sempre mais calma, sabedoria e paciência! – conclui Dr. Benjamim aos amigos que neste momento, sentem a presença viva e pulsante de Deus naquela varanda, no céu, no brilho das estrelas...neste mundão de Deus. Sim! Deus está ali. Presente e Onipotente.
- mas tem uma coisa que ainda continua me intrigando - o semblante do doutor Benjamim se torna fechado. Como se ele deparasse com uma verdadeira e gigante interrogação. E continua: -  Não consigo compreender o verdadeiro significado do termo ‘tudo é mistério da fé’!  que mistério tão forte é esse que sintetiza a fé do ser humano? Eis a questão! –  completa o pensativo doutor Benjamim.
Não era pra menos. doutor Benjamim se mostra simples, humilde, mas sábio! E, de uma fé inderrogável!
 Todos se calam por alguns segundos, que parecem uma longa lacuna no tempo.
E novamente, a conversa volta a fluir com força. Seguindo o raciocínio do eloquente Benjamim, e sua fé! E ele, no seu íntimo, agradece a Cristo por isso. Por ter tido a humildade e força capaz de gerar fé e esperança naqueles poucos amigos que ali estavam. Fazendo com que os homens não percam a fé e muito menos percam a esperança e forças para imporem a justiça e o bem comum.
Que os bons não se deixem calar pelos maus. 
E com risos e alegria, já com todos sentindo seus corações apaziguados, a deliciosa carne assada de javali é servida! 
 
Ensaio - Aprendiz da vida - em 31 de Março de 2012.
Por Reinaldo Bueno


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Néctar do amor!

  Já fazem alguns meses que Benjamim Kamboá ficara viúvo. Perder sua Ritinha foi um golpe duro para si e para seus amados filhos. Apaixonar-se novamente era algo inimaginável para ele. Mas ficara. E exalava felicidade e alegria, como jamais imaginaria.
 A beleza estonteante da jovem Cybelle, somada ao seu jeito reservado e sério, o enfronhara por completo.
  A noite apenas começara e os dois conversam prazerosamente. Cybelle lhe serve, na boca, pedaços da torta de chocolate. Parecem dois jovens namorados e apaixonados!
Estão felizes! Satisfeitos com a vida... Com aquele momento único! Tudo é motivo de risos. Estão felizes com o que um oferece ao outro, sem nada cobrar.
Entram no carro de Benjamim e saem da cidade de Marialba, rumo a cidade de Fortuna e entram no motel ‘Besos’. Estão absorvidos pela magia da vida e do amor. A suíte está impecavelmente arrumada e limpa. Toda decorada com belos arranjos florais. Quadros, pinturas e vasos com flores artificiais que mais parecem terem sido colhidas naquele momento. De tão reais!
E Novamente os dois sentem o ar da vida! Respiram e saboreiam aquele momento que a vida generosa e gentilmente lhes proporciona.
Fazem amor como dois jovens insaciáveis! Corpos suados e ardentes! Nus, sem conseguirem abandonar os lábios um do outro, vão para dentro da banheira com água quente! Se amam novamente! Tocam-se, envolvidos por aquela deliciosa água quente, como se estivessem os dois descoberto o sexo pela primeira vez!
Já de volta ao leito, a energia insaciável dos seus corpos redobram quando Benjamim admira a nudez de Cybelle, e a toca. Deitada, as grossas e macias coxas, abertas, com os joelhos levemente dobrados e repousados na cama larga e macia. Sua anca é convidativa. Curva perfeita naquela cintura fina. As auréolas dos seios são róseas! Seios lindos! E excitantemente convidativos. Parecem duas saborosas maçãs. Cybelle tem a pele bronzeada, que reflete um dourado belíssimo se destacando naquele corpo maravilhoso! As marcas do biquíni excitam o faminto Benjamim, que admira aquela formosura! Cabelos loiros com pequenas mechas de luzes, espalhados sobre o travesseiro. O perfil do rosto da encantadora Cybelle guarda, em seus traços finos e bem delineados, uma beleza jamais admirada. Nenhum outro homem a contemplara como Benjamim agora o faz! Seus olhos irradiam um brilho intenso e feliz! Benjamim se delicia com aquela doce e maravilhosa imagem! Boca linda! Perfeita! Aqueles lábios rosados, macios e molhados, o convidam para um beijo longo. Saboroso e sedutor!
As mãos de Benjamim se perdem na maciez daquelas curvas. Indo de encontro à guardada gruta dos deuses que flui, excitada, o néctar do amor, que quente, umedece, como calda de mel, os dedos de Benjamim. Que, delicadamente tocam e sentem a quentura daquela gruta que exala um perfume inigualável! Não se contem! E sua boca busca o gosto daquele mel na maciez daquela gruta sagrada. Seus lábios tremem de prazer! Se deliciando com a quentura e sabor daquele mel! Lentamente percorre com milhões de beijos o caminho de volta. Umbigo, ancas, barriga e seios. Até encontrar as faces ruborizadas e os lábios ardentes da sua Cybelle que repousa nele, seus belíssimos olhos verdes! Tomados pelo amor! Os beijos se tornam frenéticos! Os movimentos audaciosos e carregados de paixão!
Fazem amor, se entregando, juntos, ao gozo que os leva aos céus!
Ofegantes, se entregam a um abraço gostoso. É como se toda a energia dos corpos tivesse ido embora. Escapado pelos poros. Pelo suor que escorre intenso. Estão felizes! Cybelle encontra a paz e o amor com a cabeça repousada sobre o peito de Benjamim. Ali ficam. Abraçados! Não pensam em nada. Não conseguem pensar em nada. Somente saboreiam aquele momento mágico para os dois!
 Já amanhece. Os mais afoitos raios de sol lambem o céu. Rajando as nuvens com uma coloração abóbora, de tons avermelhados! 
Benjamim deixa Cybelle em sua casa e segue direto para sua.
Chegando em casa, se deita. Não consegue dormir apesar da exaustão física. As lembranças daquela noite estão na sua cabeça!
Pensa no amor que alimenta por Ritinha. Sua companheira a quem tantas vezes dedicou a bela música de Geraldo Vandré, ‘Companheira Derradeira’. Agora percebia que não era mais Ritinha a derradeira. Não era ela o seu último amor.
Benjamim se encontra perdido. Rola na cama, de um lado a outro. Sozinho. Pára com os olhos fixos no teto. As mãos apoiando a nuca sobre o macio travesseiro, e percebe, tendo o frio daquela manhã como companheira, que nada sabe da vida. Que nem a si mesmo conhece.
Homem seguro que é. Forte e decidido em suas decisões, agora está ali. Parado. Perdido na escolha de qual caminho, caminhar. Quê rumo seguir e qual verdade acreditar? Qual o sentido da vida? Seria mesmo amor o que sente por Cybelle? Ou apenas busca de companhia diante da sua solidão que impiedosa e rapidamente assassina sua vida?
Não! O sentimento por Cybelle é verdadeiro! Disso ele tem certeza! Talvez, sinta vergonha por amar Cybelle, mais que amava falecida Ritinha. A quem milhões de vezes dissera amar de forma lúcida e única. Vergonha por ter mentido tanto tempo para si mesmo e para Ritinha? Não! Ele não mentira. Agora entende isso. Realmente amara sua esposa com toda sua força.
Percebe, nessa reflexão, que o amor não é uma dádiva única dada por Deus. Amar uma mulher não é um presente que um homem ganha apenas uma vez na vida!
Agora sabe que o ser humano é capaz de amar quantas vezes lhe for preciso amar para continuar vivendo. E ele queria viver! E queria amar, como está amando, a dedicada e tão atenciosa Cybelle.
- Sou aprendiz do amor! E da vida! – sussurra Benjamim para si mesmo. Espantado consigo mesmo, diante das suas conquistas, diante do homem seguro e sábio que é. E, de hora para outra, se ver assim! Tão sem rumo! Como um menino que nada sabe da vida! É verdade, portanto, que somos sempre meninos. Estamos sempre em processo de aprendizagem! E Benjamim completa:
é isso mesmo. Aprendiz da vida e dos seus mistérios! É o que somos! Estou aberto à ser o aprendiz da vida!
Aprender é um movimento constante. E agora, mais que nunca, Benjamim vê que é assim. Pensara que apenas estava em processo de aprendizagem, nas questões da política. Mas não! Agora via que é aprendiz de tudo nessa vida. Pois nunca sabemos demais, ou o bastante.
 Por fim, a mente embaralhada por tantas boas lembranças da noite vivida com Cybelle, dá lugar ao sono. Benjamim adormece profunda e repousantemente!
Pois, logo mais, acordaria para a campanha eleitoral e, novamente, para a vida! Uma nova vida que brotara com força em seu coração.

Sente a paz e o amor agasalhar seu coração. E sonha feliz com sua doce, terna, eterna, bela e adorável Cybelle!

25 de Fevereiro de 2012.

Ensaio - Escrito por Reinaldo Bueno

domingo, 12 de fevereiro de 2012

MULHER AMADA

Alvino Silvanier é um homem com seus trinta e cinco anos. De altura mediana, pele alva, motivo de seu nome, cabelos e olhos de cor castanha, curtos bem cortados e excessivamente lisos. Espetados. Apesar de pouco possuir barba, mantinha o rosto sempre barbeado. Contabilista dos melhores. Com escritório há dez anos em Marialba, Alvino ocupa atualmente e, também, o cargo de gestor financeiro da campanha a Prefeito do doutor Benjamim Kamboá. Alvino, pessoa serena e discreta. Escondia uma profunda dor. Ficara viúvo há pouco mais de um ano. A esposa, Maria do Carmo faleceu de um acidente na rodovia. Do Carmo, como todos a chamavam, era uma mulher dinâmica, alegre e de uma sabedoria intelectual invejável. Dominava, além do português, outros quatro idiomas. O inglês, alemão, francês e espanhol. Não era bonita mas sua alegria e elegância somadas a sua inteligência positiva e postura alegre, a faziam graciosa. Dona Rita e Dr. Benjamim gostavam de com ela exercitarem o francês. Passavam horas conversando sobre os feitos de Napoleão Bonaparte, história que DoCarmo conhecia em detalhes. Moça digna de um rei. E era assim que Alvino se sentia ao lado da sua amada. Um rei!
Num final de tarde ensolarada, o sol majestoso, guardando seus primeiros raios luzidios, enquanto ela, ao volante do seu Santana, acompanhada de duas amigas professoras e um professor, voltavam da vizinha cidade de Fortuna onde lecionavam e tinham terminado o dia laborioso. Cuidadosa ao volante como sempre e em baixa velocidade, subiam uma trecho longo e íngrime da BR. E, lá do alto descia um caminhão em alta velocidade. De repente, aconteceu o inesperado! Um dos pneus traseiros do caminhão se desprendeu. Assim! Do nada! Parafusos mal apertados que se soltaram. Veio o pneu saltitando em velocidade e aos poucos se afastando do caminhão. Invadindo a pista contrária. DoCarmo, a amada esposa do apaixonado Alvino, pela grande distância que ainda a separava do pneu que rolava velozmente dando pulos, parou no acostamento certa de que o pneu seguiria sua trajetória. Mas não! O miserável do velho pneu, este, rápido como uma flecha, repentina, estúpida e rapidamente muda seu curso colidindo espetacularmente com o Santana. O pneu bateu brutalmente sobre o para-brisa, o  vidro dianteiro do Santana, exatamente do lado da esposa aguardada em casa pelo esposo e filhos. DoCarmo, mal tivera tempo de gritar pelo socorro da Virgem Maria, da qual devota. Morrera instantaneamente! A colega, Professora Lindaura que estava no banco do passageiro, ao lado de DoCarmo, também se machucara. O osso do braço esquerdo se espatifara. Pobre Lindaura! Tão jovem e bonita... Sofrera por anos, horrores. A instituição educacional que trabalhavam, através de seus médicos, a aposentou contra sua vontade. Queria trabalhar... Fazia-lhe bem. Recuperara-se dos ferimentos, apesar das dores constantes. Precisava ocupar a mente e afugentar as tristes lembranças. O que conseguia estando trabalhando. E pior, a aposentaram e descontavam de seu rendimento, 30% do total. Mas obstinada, perseverante com a vida...Lindaura buscou restaurar seu salário e buscara outra atividade. Até por conta de seu tratamento. Das fortes dores musculares e ósseas que sentia, se aperfeiçoara com cursos sobre ervas e plantas medicinais. A bondosa Fitologia. Tornara-se uma expert no assunto dos medicamentos extraídos das plantas e competente vendedora de medicamentos naturais. 
O casal de colegas que estava no banco traseiro quase nada sofrera. O colega Sérgio que estava sentado no banco de traz, do lado da motorista DoCarmo, quebrara algumas costelas e a clavícula direita. Sofrera no rosto e peito alguns arranhões e cortes por conta dos estilados do para-brisa quebrado. E vários hematomas. Pois fora estupidamente espremido no momento do impacto do maldito pneu. Que, pesada e abruptamente, empurrara a pobre DoCarmo, que morrera na hora, com banco e tudo pra cima do professor Sérgio! O monstruoso e pesado pneu ficara intacto. 
No velório, muita tristeza e dor dos amigos e familiares. Alvino parecia um robô. Sempre abraçado aos dois filhos. Suas duas jóias de cabelos loiros e excessivamente lisos. Cesarino com dez anos e Maycon o caçula com oito. Pareciam dois anjinhos. Alvino Silvanier confortava a dor dos filhos e procurava conformava-los. Recebiam as condolências... Sempre em volta do caixão, eterno, doravante, leito da mamãe exemplar e esposa insubestituível.
Desde então, Alvino era só tristeza. Dor das entranhas... Lá do cantinho do coração eternamente machucado. Mas não perdera a fé em Deus e na vida. Esta parecia ter aumentado. Dava-lhe forças para continuar a viver... a educar o filhos e fazê-los alegres e felizes. Mesmo tendo que esconder sua saudade e dor. Pobre homem... Tão novo e já desiludido com o amor. Não lhe cabia no coração um novo amor, embora muitas fossem as mulheres por ele interessadas. Algumas ótimas e honradas moças de família. Mas Alvino só tinha olhos para os filhos, para as planilhas e relatórios contábeis, para sua função na política e para as missas aos domingos. Essas eram sagradas! Comícios ou reuniões, por consideração a sua dor e fé, tinham que ser iniciados após a missa da sete do dia de Domingo. Pobre infeliz... se tornara um beato. Estava sempre envolvido com os assuntos da igreja. Missas, reuniões de pastorais...em tudo o desolado Alvino estava metido. 
Quanto amor e dor é capaz de carregar em seu coração, o desolado Alvino? Seria ele capaz de um dia se apaixonar de novo? Entregar seu corpo, seu coração para outra mulher que não fosse a sua eterna DoCarmo? Deus, em sua sabedoria maior, ainda haverá de fazer com aquele triste homem encontre uma mulher que acenda a chama do amor em seu coração. Pois, Deus não abandona suas criaturas. Ainda mais, criaturas feito o Alvino e seus filhos, Cesarino e Maycon. Crias boas que vivem para disseminar o bem!
De, Reinaldo Bueno.
Postado em 12 de Fevereiro de 2012. Domingo.

Aprendiz da vida e do amor - Mulher amada!


Alvino Silvanier é um homem com seus trinta e cinco anos. De altura mediana, pele alva, motivo de seu nome, cabelos e olhos de cor castanha, curtos bem cortados e excessivamente lisos. Espetados. Apesar de pouco possuir barba, mantinha o rosto sempre barbeado. Contabilista dos melhores. Com escritório há dez anos em Marialba, Alvino ocupa atualmente e, também, o cargo de gestor financeiro da campanha a prefeito do doutor Benjamim Kamboá. Alvino, pessoa serena e discreta. Escondia uma profunda dor. Ficara viúvo há pouco mais de um ano. A esposa, Maria do Carmo faleceu de um acidente na rodovia. Do Carmo, como todos a chamavam, era uma mulher dinâmica, alegre e de uma sabedoria intelectual invejável. Dominava, além do português, outros quatro idiomas. O inglês, alemão, francês e espanhol. Não era bonita mas sua alegria e elegância somadas a sua inteligência positiva e postura alegre, a faziam graciosa. Dona Rita e Dr. Benjamim gostavam de com ela exercitarem o francês. Passavam horas conversando sobre os feitos de Napoleão Bonaparte, história que DoCarmo conhecia em detalhes. Moça digna de um rei. E era assim que Alvino se sentia ao lado da sua amada. Um rei!
Num final de tarde ensolarada, o sol majestoso, guardando seus primeiros raios luzidios, enquanto ela, ao volante do seu Santana, acompanhada de duas amigas professoras e um professor, voltavam da vizinha cidade de Fortuna onde lecionavam e tinham terminado o dia laborioso. Cuidadosa ao volante como sempre e em baixa velocidade, subiam uma trecho longo e íngrime da BR. E, lá do alto descia um caminhão em alta velocidade. De repente, aconteceu o inesperado! Um dos pneus traseiros do caminhão se desprendeu. Assim! Do nada! Parafusos mal apertados que se soltaram. Veio o pneu saltitando em velocidade e aos poucos se afastando do caminhão. Invadindo a pista contrária. DoCarmo, a amada esposa do apaixonado Alvino, pela grande distância que ainda a separava do pneu que rolava velozmente dando pulos, parou no acostamento certa de que o pneu seguiria sua trajetória. Mas não! O miserável do velho pneu, este, rápido como uma flecha, repentina, estúpida e rapidamente muda seu curso colidindo espetacularmente com o Santana. O pneu bateu brutalmente sobre o para-brisa, o  vidro dianteiro do Santana, exatamente do lado da esposa aguardada em casa pelo esposo e filhos. DoCarmo, mal tivera tempo de gritar pelo socorro da Virgem Maria, da qual devota. Morrera instantaneamente! A colega, Professora Lindaura que estava no banco do passageiro, ao lado de DoCarmo, também se machucara. O osso do braço esquerdo se espatifara. Pobre Lindaura! Tão jovem e bonita... Sofrera por anos, horrores. A instituição educacional que trabalhavam, através de seus médicos, a aposentou contra sua vontade. Queria trabalhar... Fazia-lhe bem. Recuperara-se dos ferimentos, apesar das dores constantes. Precisava ocupar a mente e afugentar as tristes lembranças. O que conseguia estando trabalhando. E pior, a aposentaram e descontavam de seu rendimento, 30% do total. Mas obstinada, perseverante com a vida...Lindaura buscou restaurar seu salário e buscara outra atividade. Até por conta de seu tratamento. Das fortes dores musculares e ósseas que sentia, se aperfeiçoara com cursos sobre ervas e plantas medicinais. A bondosa Fitologia. Tornara-se uma expert no assunto dos medicamentos extraídos das plantas e competente vendedora de medicamentos naturais. 
O casal de colegas que estava no banco traseiro quase nada sofrera. O colega Sérgio que estava sentado no banco de traz, do lado da motorista DoCarmo, quebrara algumas costelas e a clavícula direita. Sofrera no rosto e peito alguns arranhões e cortes por conta dos estilados do para-brisa quebrado. E vários hematomas. Pois fora estupidamente espremido no momento do impacto do maldito pneu. Que, pesada e abruptamente, empurrara a pobre DoCarmo, que morrera na hora, com banco e tudo pra cima do professor Sérgio! O monstruoso e pesado pneu ficara intacto. 
No velório, muita tristeza e dor dos amigos e familiares. Alvino parecia um robô. Sempre abraçado aos dois filhos. Suas duas jóias de cabelos loiros e excessivamente lisos. Cesarino com dez anos e Maycon o caçula com oito. Pareciam dois anjinhos. Alvino Silvanier confortava a dor dos filhos e procurava conformava-los. Recebiam as condolências... Sempre em volta do caixão, eterno, doravante, leito da mamãe exemplar e esposa insubestituível.
Desde então, Alvino era só tristeza. Dor das entranhas... Lá do cantinho do coração eternamente machucado. Mas não perdera a fé em Deus e na vida. Esta parecia ter aumentado. Dava-lhe forças para continuar a viver... a educar o filhos e fazê-los alegres e felizes. Mesmo tendo que esconder sua saudade e dor. Pobre homem... Tão novo e já desiludido com o amor. Não lhe cabia no coração um novo amor, embora muitas fossem as mulheres por ele interessadas. Algumas ótimas e honradas moças de família. Mas Alvino só tinha olhos para os filhos, para as planilhas e relatórios contábeis, para sua função na política e para as missas aos domingos. Essas eram sagradas! Comícios ou reuniões, por consideração a sua dor e fé, tinham que ser iniciados após a missa da sete do dia de Domingo. Pobre infeliz... se tornara um beato. Estava sempre envolvido com os assuntos da igreja. Missas, reuniões de pastorais...em tudo o desolado Alvino estava metido. 
Quanto amor e dor é capaz de carregar em seu coração, o desolado Alvino? Seria ele capaz de um dia se apaixonar de novo? Entregar seu corpo, seu coração para outra mulher que não fosse a sua eterna DoCarmo? Deus, em sua sabedoria maior, ainda haverá de fazer com aquele triste homem encontre uma mulher que acenda a chama do amor em seu coração. Pois, Deus não abandona suas criaturas. Ainda mais, criaturas feito o Alvino e seus filhos, Cesarino e Maycon. Crias boas que vivem para disseminar o bem!
De, Reinaldo Bueno.
Postado em 12 de Fevereiro de 2012. Domingo.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Festa boa no povoado das abóbras!


                                         Festa boa no povoado das Abóbras!

      
  - Não pensei que fôssemos gastar tanto - declara Dr. Luciano, candidato a vice prefeito que tem bancando a metade de todas as despesas ocorridas com a campanha eleitoral, conforme prometeu na convenção no dia da escolha dos candidatos, já percorrendo lentamente a estrada de chão batido que os levaria até o povoado das Abóbras. Deram esse nome ao povoado por conta da sua alta produção de abóboras. Acabou ficando Abóbras pelo linguajar dos moradores.
           - Poeira infernal. Tomara que este homem ganhe e se lembre de arrumar essas porqueiras de estradas – pensa Maurício que dirigia o carro levando o candidato a prefeito Dr. Benjamim, o médico Luciano candidato a vice e Bitoco.
           Bitoco é morador das Abóbras.  Bitoco produzia verduras e tirava leite. Falante e sorridente. Sempre a amostra seu dente de ouro. O canino esquerdo. Melhor pessoa para juntar os moradores daquele lugar não tinha. Mataram vaca para churrasco, fizeram paneladas de arroz e feijão tropeiro.
           Hummm! E que feijão danado de gostoso. Com pedaços saborosos de toucinho, carne de sol e pedaços de lingüiça de porco. Tudo feito no grande fogão caipira que cuspia pra fora suas imensas labaredas de fogo cor amarela.   Mandioca da roça do seu Nena não podia faltar. A deliciosa mandioca manteiga. Sequinha por dentro e derretendo por fora. Uma delicia! Sem falar nos grandes e gostosos pães da dona Zita do seu Wilsão. Comida não faltaria.  E das boas!
          Muito menos longas e sorridentes prosas! Na zona rural, dia de comício era festa. Era diversão! Mesa farta e muita moda de viola! Cachaça do alambique do seu Nestozão não podia faltar nem por reza brava. Ainda mais a invenção dele. A cachaça de banana. Um sucesso em toda a região essa pinga de banana do seu Nestozão.
          A reuinião política fora marcada pra acontecer na casa do Sr. Getúlio. Ali o alvoroço era total. Todos esperavam pela chegada do candidato a prefeito e de sua comitiva. A maioria não o conhecia pessoalmente. Uma grande multidão estava diante da casa, pois dentro já não cabia mais ninguém. Casa lotada. Aproxima-se a comitiva de três carros do Dr. Benjamim. O primeiro o trazia, sorridente, por de longe avistar tamanha multidão a esperá-los. Tibúrcio aos gritos, põe a mão para fora da caminhonete segurando um imenso foguete de oito tiros que detona cuspindo lá pró alto do céu azul claro, aquelas oito fortes explosões, anunciando a chegada festiva do prefeitável Dr. Benjamim Kamboá.
          - Santo Deus, será verdade? Em plena zona rural... de onde terá saído esse povaréu todo? - comenta Dr. Luciano.
          - Num falei? Convite meu é intimação de dotô! – exclama empolgado Bitoco. E continua Bitoco todo empolgado - E olha dotô, o povo nosso aqui precisa de tratô pra plantar e de escola pros filho!
            Alertou com sabedoria o amigo Bitoco abrindo a porta e já descendo do veículo que mal parara, cumprimentando, todo importante, seus vizinhos e amigos como se fora ele o próprio candidato.
          Entre abraços e apertos de mãos, os candidatos vão sendo empurrados até o palanque armado sobre um caminhão velho, de propriedade da serraria do amigo Santana, candidato a vereador.
O som não era dos melhores. Mas a empolgação era tanta, que parecia estar tudo ótimo. Os violeiros apresentam umas modas de viola. Cantam feito profissionais. Parecem  canarinhos-do-reino, de tão afinados!
           - E vamos ouvir agora, ele, o próximo prefeito de Marialba, Dr. Benjamim Kamboá - anunciou com voz firme e empolgada o apresentador.
Naquele momento, a equipe de coordenadores percebeu que alguma a coisa estava melhorando.  Os homens de chapéus nas mãos, apesar do sol quente de meio dia, as mulheres e jovens se apinhavam para conhecer e ouvir aquele tão famoso advogado. Algo acontecia nos corações das pessoas. Havia uma energia no ar... algo que não se sabe o quê. Um sentimento... Uma força maior se apoderava daquela multidão que não parava mais de aplaudir Benjamim após suas poucas, porém certeiras palavras. Falara do sofrimento do homem do campo, da labuta para com a terra para produzir o alimento... Da falta de apoio governamental... De pé sobre o caminhão, segurava o microfone aguardando as palmas cessar para continuar seu discurso.
Benjamim reinicia sua fala, recordando os inúmeros problemas sociais do campo. As dificuldades para produzir, escoar sobre estradas esburacadas a produção e o que é pior, a dificuldade de comercializar por preços dignos suas safras. Lamenta a dificuldade daquelas crianças para estudar. A maioria sem jeito de freqüentar a escola mais próxima que dista oito quilômetros dali. Poucas crianças, as mais persistentes, fazem diariamente este percurso no lombo do cavalo ou sobre bicicleta. E eram poucas que possuem uma. Gente humilde. Trabalham hoje para terem o que comer amanhã. E naquele momento solene, fecha um compromisso de campanha:
- Nos primeiros sessenta dias do meu governo, inauguraremos uma escola aqui no povoado das Abóbras. Não permitirei que uma criança sequer, fique sem escola durante minha administração. E mais, Vamos criar uma associação para os produtores das Abóbras, doarei um trator de pneus com todos os implementos necessários para plantios variados - de punhos cerrados e voz trêmula, Benjamim encerra seu discurso, pedindo, como filho de Marialba, uma chance para demonstrar que poderia ser tão bom administrador, quanto o era advogado. O povo vibra com as palavras do Dr. Benjamim. Gostam de sua oratória, de sua forma correta e simples de expressar... e constatam que ao contrário do que dissera naquele mesmo local dois dias antes o candidato adversário, Dr. Benjamim era, em sua essência, um homem simples e franco...verdadeiro em suas palavras. Passava confiança e credibilidade nas palavras e no olhar. O candidato adversário, Aristides Batista, havia dito dois dias antes naquele mesmo lugar, que o Benjamim era homem metido. Arrogante e só entendia, se é que realmente entendia, de advocacia. E mais, que seus amigos eram só gente da alta. Juízes, ministros et cetera. Que ele não tinha amigos humildes... lavradores, homens do campo, das mãos calejadas. Que mal sabia pra que servia uma enxada e uma foice.
             - Tirar leite de vaca!? Vai ver ele pensa que leite já dá é na caixinha – zombou Aristides Batista do Dr. Benjamim quando esteve ali. Constataram que não era verdade. O homem é gente boa. Entende da lida da roça. Conhece o sofrimento daquela gente judiada pelo descaso do prefeito atual e vereadores. Satisfeitos uns com os outros, vão todos para o churrasco que cheira gostoso, aquele cheiro de gordura pingando na brasa... “chero bão de carne assada. Comida da boa!” como diz seu Getúlio. Comida da boa, mesmo. Por um instante Dr. Benjamim e Dr. Luciano, misturados dentre aquela gente humilde, sentiram o prazer da política. O gosto de estar com povo humilde. - Maravilha!!! Exclamava Dr. Luciano rasgando nos dentes um pedaço de carne daquela imensa e quente costela assada. - Maravilha!!!
A companheirada já fazia planos de vitória. Acreditando na reviravolta. Meticuloso, Benjamim preferia não antecipar os fatos. Sugere ao amigo mais tempo de observação. - Estamos com cinco por cento nas pesquisas contra setenta do Aristides. Vamos calçados na realidade. - Disse ele, embora não escondesse sua alegria demonstrada no brilho nos olhos.

E assim seguem a vida e a campanha do Aprendiz da vida e da política, doutor Benjamim Kamboá.
* Escrito por Reinaldo Bueno